Associação livre

Há alguns meses tive a experiência de promover uma enquete no meu blog. Na ocasião, possibilitei que os leitores escolhessem algum tema psicanalítico do seu interesse ou curiosidade para que eu pudesse escrever alguns parágrafos a respeito do assunto.

Por esse motivo, hoje falarei sobre a associação livre. Já ouviu falar alguma coisa sobre esse assunto caro leitor? Antes de escrever um pouco sobre esta técnica psicanalítica, é necessário mostrar como Sigmund Freud chegou à associação livre, deixando de lado a hipnose (técnica utilizada por Freud e outros estudiosos antes da descoberta da psicanálise).

No final do século XIX, Freud assumiu um caso que estava sendo tratado por seu amigo Josef Breuer. Tratava-se de um caso clássico de histeria de uma jovem austríaca denominada por Freud de Anna O. Naquela época os médicos tratavam a maioria de seus pacientes em casa e Anna O. não foi uma exceção.

Havia muito mistério e algumas técnicas para se tentar tratar a histeria. Algumas amenizavam os seus sintomas, no entanto nenhuma efetivamente tratava a doença. Além disso, havia também dúvidas sobre os sintomas relatados pelas pacientes histéricas e se todos aqueles ataques ou paralisias eram de fato verdadeiros ou apenas encenação.

Com a hipnose, Freud trabalhava da seguinte maneira: pedia para a paciente relaxar e assim que entrasse em estado hipnótico, utilizava-se da sugestão para induzir a histérica a relembrar seus traumas. Acreditava-se que os sintomas apresentados pelo paciente eram resultados de traumas infantis e que no momento que este trauma fosse desvendado, seus sintomas cessariam; o que não é verdade, como pôde ser observado por Freud. Além disso, nem todos os pacientes eram passivos a hipnose, o que impossibilitava a utilização dessa técnica.

Mas onde entra a associação livre? Em uma das inúmeras sessões com Anna O. a paciente pediu para que seu médico não a interrompesse e que deixasse ela falar tudo aquilo que queria dizer. Freud percebeu que quando a paciente expressava-se livremente, sua angústia diminuía, assim como os sintomas. A paciente se referia ao novo método, em tom de brincadeira, escreveu Freud, como “chimmey-sweeping” [1].

Foi a partir desta constatação que a fala tornou-se a técnica fundamental da psicanálise. O sujeito em análise deve associar livremente, ou seja, dizer tudo aquilo que lhe vem à cabeça, sem filtros ou julgamentos, possibilitando assim, que as formações do inconsciente apareçam para serem escutadas e tratadas.

Texto escrito em fevereiro de 2013.